terça-feira, 29 de abril de 2014

Os comunicados do MFA : textos interessantes para ler



O Movimento das Forças Armadas (MFA), que esteve na origem do golpe de estado do 25 de abril, lançou nas primeiras horas um conjunto de comunicados que é interessante conhecer. Aqui fica o primeiro. Os seguintes poderão ser  consultados em http://blogueexpressao.blogspot.pt/2014/04/25-de-abril-40-anos-30-os-comunicados_27.html

Antes das 4 h
Aqui (Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. As Forças Armadas Portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo.
Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica esperando a sua acorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração que se deseja, sinceramente, desnecessária.


Exposição "Literatura e Condição Social" até 6 de maio


No século XX e XXI várias obras literárias tiveram o condão de nos chamar a atenção para os conflitos e dramas sociais. É uma imagem dessa literatura “engagée” ou de testemunho do 25 de abril que o Clube de Leitura quer dar através da Exposição “Literatura e Consciência Social no sécs. XX e XXI”. Esta Exposição reúne as capas de 40 obras com um excerto significativa das mesmas. Os autores vão, por ordem alfabética, de Altino do Tojal (Os putos) até Vergílio Ferreira (Mudança) passando por Aquilino Ribeiro (Quando os lobos uivam), Sophia de Mello Breyner Andresen (Mar Novo) ou José Rodrigues Miguéis (Gente da Terceira Classe).
Aqui fica um exemplo de um livro perseguido durante o Estado Novo (assim como o seu autor, Aquilino Ribeiro):
“- A testemunha ouviu-lhe alguma vez fazer propaganda de ideias subversivas, quer dizer, ideias contra a nossa Santa Madre Igreja, o direito de propriedade, a ordem legal estabelecida pelo consenso da Nação?
-Em tom de conversa com este e aquele ouvi-lhe dizer mal disto e daquilo.
- Diga, diga, mal disto, mal daquilo, mas que mal?
- A seu ver o mundo andava torto, uns tinham muito e outros não tinham nada; uns morriam à fome e outros de indigestão. Mas, verdade seja, que não aconselhava ninguém a usar da violência. (…)
-Muito bem! E este outro dito: Cristo nasceu nas palhas, para nos mostrar que somos todos iguais. Que sociedade é esta onde uns têm tudo e outros não têm nada? – ouviu-lhe?
- Também não.”

40 autores, 40 obras, 40 textos impressivos. Vale a pena gastar um pouquinho do vosso tempo. Até ao dia 6 de maio.