terça-feira, 19 de março de 2013

EU PERSONIFICO UM LIVRO



Um grupo de alunos da Escola Secundária de Afonso de Albuquerque participou na tarde do passado dia 15 de março, no âmbito da Semana Nacional da Leitura, numa leitura encenada de poemas e excertos de obras de escritores portugueses e estrangeiros, em diversos espaços públicos da cidade da Guarda.
Esta atividade, desenvolvida pelos alunos de Filosofia do 11º Ano, inseriu-se no projeto "Eu personifico um livro", tendo como finalidade a motivação para a leitura pela descoberta do prazer de ler e conta ainda com a participação dos alunos do Clube de Leitura e do Clube de Teatro.
Alguns dos alunos personificaram obras literárias, outros vestiram os trajes e a pose de escritores como Camões, Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner, Cecília Meireles e Florbela Espanca. A experiência, pelo que pudemos constatar, correu muito bem. Um destes dias ouviremos os participantes sobre a experiência. 

segunda-feira, 11 de março de 2013

RELER AQUELA PASSAGEM

     Já reli Os Maias uma dúzia de vezes por dever profissional e de cada vez que o releio há sempre imensas coisas que descubro ou que me impressionam ainda mais que na primeira vez. É por exemplo em cada nova leitura o caso da famosa cena do Guimarães, à saída do sarau da Trindade, a dizer ao Ega que tem lá um cofrezinho da Maria Monforte que quer entregar à família, ao Carlos ou à irmã. A surpresa de Ega (que responde que Carlos não tem irmãos) é também a nossa e a confirmação de que o Guimarães os vira a ele, ao Carlos e à "irmã" numa carruagem deixa-nos também a nós boquiabertos. E depois é toda aquela cena com o Ega a fingir que afinal ele sabia mas que não queria que se soubesse, tudo fita que nós gozamos, connosco a saber e com a outra personagem sem compreender. Será que é este poder que nos é dado (saber mais que as personagens) que nos satisfaz e nos dá a ilusão de um poder que nunca imagináramos? E logo a seguir, já com o cofre guardado, é a nossa tranquilidade de burgueses leitores diante do drama que se coloca diante da personagem Ega, que não sabe para onde se há de virar. E nós a ver aquela dança de sentimentos...
     Vale a pena (re)ler Os Maias.
Joaquim Igreja, professor de Português